As duas primeiras fases d' A Notícia (1912 e 1915)

A Notícia marcou decisivamente a história de Palmares e da imprensa pediódica de Pernambuco. Ele surgiu no ano de 1912, depois do fechamento da Gazeta de Palmares, jornal que havia circulado nos tumultuados anos de 1907 a 1911, período de acirradas disputas entre os representantes locais do Partido Repúblicano Conservador (PRC) e do Partido Republicano Progressista (PRP): seus correligionários, em Palmares, partidários de Rosa e Silva - que recebia apoio dos redatores da Gazeta - ou do General Dantas Barreto, o vencedor das eleições para Governador de Pernambuco, em 1911.
Os partidários locais de Dantas Barreto perseguiram e fecharam a iniciativa do antigo jornal de propriedade do Vigário Sebastião Bastos, que contava com a participação dos jovens "marretas" (assim chamavam os que apoiavam Rosa e Silva), Gerôncio Borba de Carvalho, João Lagreca, Demócrito de Almeida, Fenelon Ferreira e Miguel Griz Filho.

Sem condição de levar adiante o empreeendimento jornalístico, o Vigário Bastos vendeu a tipografia da extinta Gazeta ao colaborador Letácio de Almeida Montenegro. Este novo proprietário fundou A Notícia, em 06 de outubro de 1912. Nesta primeira fase, a folha semanal apareceu na condição de "folha neutra", sem aparentemente declarar partidarismo ou predileção ideológica.
Tal situação foi revertida em 1915, quando ao lado de Gastão Marinho e Gerôncio Borba de Carvalho, A Notícia passou à condição de folha do Partido Republicano Conservador, desbancando o rival A Época, jornal ligado aos partidários do Partido Republicano Democrata do então prefeito Coronel Luis de França, vencido em 1916, pelo grupo do Coronel Fausto Figueiredo, correligionário de Rosa e Silva.
Após 1930, A Notícia tornou-se um jornal com característica mais profissional, propriamente um negócio que ficaria no comando da família de Letácio Montenegro, por mais quarenta anos, acompanhando muitas outras conjunturas políticas locais e estaduais. Os exemplares exibidos acima, o nº 1 de 06 de outubro de 1912 e o nº 140 de 15 de agosto de 1915, encontram-se no acervo do Arquivo Público Jordão Emerenciano, no Recife-PE.

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